Quando a fricção vira vantagem: lições do e-commerce asiático e ocidental

Quando a fricção vira vantagem: lições do e-commerce asiático e ocidental

24/07/2025 Off Por Diogo Santos

No mundo do e-commerce, as diferenças culturais e estratégicas entre as operações ocidentais e asiáticas têm gerado debates interessantes. Enquanto o Ocidente tem se esforçado para eliminar toda a fricção na experiência de compra, muitas empresas asiáticas estão tirando proveito dessa fricção como uma forma de criar valor. Este artigo irá explorar como ambos os modelos operacionais oferecem lições importantes para o futuro do e-commerce.

As empresas ocidentais, por sua vez, investem massivamente na redução de barreiras transacionais. O objetivo é tornar as compras o mais simples e rápidas possível, evitando qualquer tipo de atrito que possa resultar na desistência da compra. Isso tem sido feito através da otimização de sites, aprimoramento da navegabilidade e implementações de tecnologia como IA, que personalizam a experiência do usuário.

No entanto, a abordagem asiática desafia essa narrativa. Na Ásia, empresas como Alibaba e JD.com incorporam elementos que podem ser vistos como “fricções” propositais. Isso inclui a exigência de etapas adicionais durante o processo de pagamento, o que, à primeira vista, pode parecer um retrocesso, mas, na verdade, tem como objetivo aumentar o engajamento do cliente e garantir que estes se sintam mais conectados à marca.

Um exemplo prático disso é a gamificação nas compras online. Muitas plataformas asiáticas utilizam técnicas de gamificação para incentivar a interação dos usuários com a plataforma. Isso não apenas torna a experiência de compra mais divertida, mas também gera um maior entendimento e conexão com o produto.

Além disso, a utilização de camadas de interação, como chatbots e serviços de atendimento, embora possa adicionar fricção, também oferecem um elemento de serviço personalizado que os consumidores valorizam. Os compradores têm a oportunidade de esclarecer suas dúvidas antes de finalizar uma compra, resultando em uma maior taxa de conversão.

A lição aqui é que a fricção, quando gerenciada de forma inteligente, pode se transformar em vantagem competitiva. Os clientes estão dispostos a enfrentar alguns obstáculos se isso significar uma experiência mais rica ou informativa.

Empresas do Ocidente podem se beneficiar ao reavaliar sua obsessão por eliminar toda fricção. Em vez disso, o foco deve estar em criar engajamento e construção de relacionamentos através da interação significativa com os consumidores, algo que muitas vezes é perdido na busca por eficiências operacionais em excesso.

Ao final, o e-commerce deverá aprender a equilibrar dois mundos distintos: a agilidade e a suavidade da experiência ocidental combinados com a profundidade e a conexão emocional do modelo asiático. Por conseguinte, empresas que souberem articular essas duas estratégias estarão preparadas para conquistar o consumidor moderno em um mercado global cada vez mais dinâmico.